24 de agosto de 2015

É NA CRISE QUE SURGEM AS OPORTUNIDADES

Independentemente da crise econômica e institucional que o Brasil está enfrentando – e que de acordo com o prognóstico dos analistas está somente no início -, as necessidades de mudança e melhoria que o nosso país precisa são urgentes.
Nosso país, como todos sabem, possui um enorme rol de problemas urgentes que precisam de solução. Possuímos uma das maiores taxas de violência do mundo, educação que se configura nas avaliações internacionais como defasada e precária, sistema de saúde estrangulado e ineficiente, enorme déficit de moradia, falta de acesso das classes menos favorecidas aos serviços bancários básicos, corrupção endêmica em todos os níveis da sociedade, dentre outros grandes problemas.
As instituições que estão buscando solucionar os problemas que enfrentamos diariamente, além de iniciativas isoladas na sociedade civil, são, principalmente, as públicas, as ONG´s e as empresas privadas.
Das públicas – que costumo metaforizar como um grande elefante, já que apesar da enorme força, não possui agilidade necessária - esperamos, sentados e passivos, que apresente a solução para todos os nossos problemas. 
Como pode o povo brasileiro esperar que os governos solucionem verdadeiramente os problemas da coletividade se ao mesmo tempo consideram a classe política como a corrupta e mentirosa de todas? Como?
As ONG´s também fazem um grande e importante papel, mas como formigas, não possuem força e amplitude necessária para grandes impactos sociais.
Há também as organizações privadas que por meio da oferta de bens e serviços (alguns casos unida a uma política de responsabilidade socioambiental) possuem grande impacto na economia de uma nação, mas que a razão de existir não contempla questões sociais.
O trabalho de tais instituições - públicas, privadas ou sem fins lucrativos - é importante, sim. Mas como estamos vendo, ele simplesmente não é suficiente. Ainda há uma enorme lacuna entre o que está sendo realizado e o que pode e ainda precisa ser realizado. Esta lacuna exige abordagens novas e mais sustentáveis ​​para enfrentar os desafios sociais mais importantes e urgentes do Brasil.
E qual poderia ser a primeira abordagem complementar às tradicionais? O empreendedorismo social. Esta pode ser a solução mais revolucionária e duradoura para os problemas que enfrentamos.
A partir do empreendedorismo social surgem os negócios sociais. Segundo a Comissão Europeia, “negócio social é um operador da economia social cujo principal objetivo é gerar, ao invés de somente lucros para seus proprietários, impacto social. São dirigidos para fornecer bens e serviços ao mercado em um formato empreendedor e inovador e usam seus lucros primeiramente para alcançar objetivos sociais”.
Os empreendedores sociais atuam, portanto, como agentes de mudança positiva em suas comunidades, cidades e regiões, solucionando problemas crônicos e agudos da sociedade, por meio de novas abordagens. Eles iniciam soluções sustentáveis ​​que causam impacto social positivo. Ao contrário de empresários tradicionais, os empreendedores sociais buscam, principalmente, gerar "valor social", ao invés de somente lucros. E, ao contrário da maioria das organizações sem fins lucrativo, os negócios sociais possuem como missão não apenas ações imediatas e de pequena escala e, mas em grande parte enfatizam mudanças radicais e de longo prazo.
Durante a última década, a cena do empreendedorismo social tem crescido tremendamente. Seja nas áreas de educação, saúde, transporte, segurança ou desenvolvimento urbano, tem-se visto pequenos-grandes líderes inovadores a assumir os problemas da sociedade que vive e estabelecer seus empreendimentos sociais para solucioná-los. Eles reconhecem que a caridade, isoladamente, não é sustentável, e as empresas que somam impacto social com geração de receita (com fins lucrativos ou não) são necessárias para um impacto sustentável em longo prazo. Tão diferente quanto suas experiências e conhecimentos podem ser, esses empreendedores são motivados por um objetivo comum: o desejo de mudar o mundo.
Viver em uma sociedade em que praticamente apenas carreiras profissionais - como Médico, Engenheiro, Advogado – são procuradas (e grande parte dos quais estão desempregados) não é suficiente. O que o país precisa desesperadamente, agora mais do que nunca, é um ecossistema que promova o espírito social empreendedor através de todas as carreiras e profissões. Um ecossistema com terreno fértil para a inovação, onde os empreendedores sociais não surjam por meras coincidências, mas como resultado da formação deliberada para um impacto maior. 
Como bem traduziu Muhamad Yunus, precisamos sair do paradigma de buscar empregos para um novo paradigma de gerar empregos, e com eles todos os benefícios sociais e econômicos necessários a uma vida coletiva mais plena.
O Brasil precisa, portanto, de mais pessoas para se tornarem empreendedores sociais, impulsionando mudanças positivas na sociedade e no mundo. Ao invés de continuar depositando as esperanças do futuro nos governos que se sucedem, precisamos de novas soluções. Talvez não exista melhor opção para sair da “sempre atual” crise que o Brasil está enfrentando do que a difusão e adoção do empreendedorismo social.

Texto publicado no dia 10/03/2015 por Gabriel Cardoso idéias e ações.

Acadêmicos: Karla Caroline, Paulo Renato

16 de agosto de 2015

NA CRISE, MUDE!

Em momentos de contração econômica, ouvimos histórias de pessoas que estavam bem há pouco tempo e, de repente, passam por uma séria crise pessoal. Perder o padrão de vida, por exemplo, torna-se um motivo de grande constrangimento, tristeza e muito estresse.
Não é fácil ter de fazer mudanças indesejáveis na vida, mas o pior é o que vai acontecer com você, se insistir até o fim em algo que não está funcionando. O fato de um evento ter causado uma contração econômica violenta não significa que você é o culpado por não ganhar o mesmo que anteriormente. O que também não quer dizer que você não precisa fazer nada, apenas aguardar as coisas melhorarem.
Procure refletir e identificar ações que o auxiliem a sair dessa situação de maneira inovadora. Não pense que conseguir mais dinheiro seja sempre a única solução. Pois bancos, amigos e familiares podem ajudá-lo, mas, se você não gerir sua vida de maneira diferente, não conseguirá pagá-los no futuro. E o auxílio pode se transformar em uma dor de cabeça ainda maior.
Portanto, seja brutalmente honesto ao analisar sua situação. Essa crise, de fato, é passageira para seu mercado, empresa ou carreira? Ou é um fim definitivo e você precisará tomar medidas para mudar de rumo?
É preciso analisar que outras pessoas, como os gestores de sua empresa, podem ter tomado decisões que tenham tornado a crise mais aguda. Há também o contexto do País, provocado pela inépcia e pelos escândalos de corrupção no governo federal.
Entretanto, você deve saber qual é a sua responsabilidade na situação e mudar. Talvez você tenha demorado a tomar uma decisão importante. Por exemplo, cortar custos drasticamente em sua família, aprender a ver sinais de que sua empresa, mercado ou carreira não tinham futuro e acreditar que o mundo nunca iria mudar. Ou então você deixou-se seduzir pelo sucesso, e isso provocou o orgulho que causou sua ruína.
Seja qual for o seu caso, deve focar o futuro. Você precisa acreditar que vai sair dessa. Não pense somente no curto prazo, pense em dois, cinco ou dez anos. Assim como no futebol, não existe chute que vale dois gols, você tem de reverter a situação de maneira persistente e paciente. Pode ser que tenha de mudar de área, reorganizar totalmente sua vida antes de voltar a crescer.
Essa experiência poderá ser muito dura, mas não a perca se lamentando. Ela pode servir para aprimorá-lo, ser uma oportunidade de reconstrução mais sólida para enfrentar o futuro. Não a desperdice culpando o mundo, as pessoas bem-sucedidas do momento ou a vida. Veja como uma oportunidade de vivenciar uma história que poderá servir de inspiração para as gerações futuras. Pense diferente, abra-se para novas possibilidades e persevere.

Vamos em frente!

Texto publicado no dia 11/05/2015 por Silvio Celestino – Jornal O GLOBO.

Acadêmicas: Débora Borba e Marinara de Jesus

10 de agosto de 2015

O ESTADO SOMOS NÓS

Estamos vivendo em um período de votações e dicotomias, revisando alguns conceitos que por muito tempo estávamos deixando de lado. Em tempos de “sim” e “não”, poucos assuntos detêm tantos adeptos quanto o repúdio nacional pela política e políticos.
Depois de algum tempo de observação e conversas de elevador percebi algo que gostaria de compartilhar. Não sei ao certo se é pela distância da nossa capital, mas há um certo distanciamento proposital daqueles que chamamos de políticos. Ouvimos diariamente frases como: “Eles lá em Brasília” ou “Aqueles políticos”.
Cerca de 2500 anos atrás na Grécia, fonte ocidental de cultura, direito, filosofia e sociologia, era chamado de idiota aquele que não participava da vida em comunidade, aquele que ficava preso dentro de si. Incrível como em décadas de evolução conseguimos inverter totalmente este conceito.
Martin Luther King já dizia: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética (...) O que me preocupa é o silêncio dos bons. ” Enquanto não começarmos a entender que todas as nossas atitudes tomadas afetam a comunidade, ainda continuaremos votando errado e responsabilizando os outros das nossas ausências. Que me desculpem os que dizem serem cultos, mas política é essencial.
Ainda não possuímos tecnologia suficiente para criar organismos vivos modificados em laboratório que gerarão políticos íntegros e honestos. Por isso, a nossa única fonte continua sendo a sociedade, as nossas cidades, as nossas comunidades e as nossas famílias. Por isso, da próxima vez que você for atravessar fora da faixa de segurança, ignorar um lixo na rua, furar uma fila ou pedir para o seu filho falar que você está no banho, enquanto não quer atender aquele parente distante, saiba que parte da culpa “daqueles” políticos “lá” em Brasília serem “daquele jeitinho” é sua.


Texto publicado na segunda quinzena de junho de 2015 – Jornal Folha Metropolitana


Acadêmica: Maria Eduarda Peres