10 de agosto de 2015

O ESTADO SOMOS NÓS

Estamos vivendo em um período de votações e dicotomias, revisando alguns conceitos que por muito tempo estávamos deixando de lado. Em tempos de “sim” e “não”, poucos assuntos detêm tantos adeptos quanto o repúdio nacional pela política e políticos.
Depois de algum tempo de observação e conversas de elevador percebi algo que gostaria de compartilhar. Não sei ao certo se é pela distância da nossa capital, mas há um certo distanciamento proposital daqueles que chamamos de políticos. Ouvimos diariamente frases como: “Eles lá em Brasília” ou “Aqueles políticos”.
Cerca de 2500 anos atrás na Grécia, fonte ocidental de cultura, direito, filosofia e sociologia, era chamado de idiota aquele que não participava da vida em comunidade, aquele que ficava preso dentro de si. Incrível como em décadas de evolução conseguimos inverter totalmente este conceito.
Martin Luther King já dizia: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética (...) O que me preocupa é o silêncio dos bons. ” Enquanto não começarmos a entender que todas as nossas atitudes tomadas afetam a comunidade, ainda continuaremos votando errado e responsabilizando os outros das nossas ausências. Que me desculpem os que dizem serem cultos, mas política é essencial.
Ainda não possuímos tecnologia suficiente para criar organismos vivos modificados em laboratório que gerarão políticos íntegros e honestos. Por isso, a nossa única fonte continua sendo a sociedade, as nossas cidades, as nossas comunidades e as nossas famílias. Por isso, da próxima vez que você for atravessar fora da faixa de segurança, ignorar um lixo na rua, furar uma fila ou pedir para o seu filho falar que você está no banho, enquanto não quer atender aquele parente distante, saiba que parte da culpa “daqueles” políticos “lá” em Brasília serem “daquele jeitinho” é sua.


Texto publicado na segunda quinzena de junho de 2015 – Jornal Folha Metropolitana


Acadêmica: Maria Eduarda Peres

5 comentários:

  1. Belo texto!
    Fez-me lembrar da velha historia "lave a sua vidraça" resumindo...
    Um casal mudou para sua nova casa. E a mulher todos os dias comentava com seu marido sobre os lençóis sujos que a vizinha estendia no varal. Certo dia, sem que sua mulher soubesse, o marido levantou mais cedo e lavou as vidraças. Foi então que a mulher percebeu que o que estava sujo não eram os lençóis, e sim as vidraças de sua própria casa.
    É bem como o autor relata, nós seres considerados “justos”, com a correria do dia-a-dia, acabamos muitas vezes deixando de cumprir nossos papéis sabendo apenas apontar o erro do outro. A mudança deve acontecer pelas nossas próprias atitudes!

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  3. Através deste texto também nos faz refletir o motivo de sermos tão famosos mundialmente por “dar um jeitinho para tudo”. Um texto postado pelo psicólogo André Rabelo, no Science Blogs, menciona que o fenômeno do “jeitinho brasileiro” tem sido estudado e enfatizado como um aspecto central da identidade cultural brasileira, segundo ele:
    “O potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade, características centrais do jeitinho, é ao mesmo tempo algo que podemos sentir orgulho e vergonha, pois ao mesmo tempo em que o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, também se refere à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa.”
    Ou seja, o jeitinho brasileiro nada mais é do que: “julgar ações como estacionar em local proibido ou furar uma fila, como menos erradas ou merecedoras de punição do que as ações de políticos corruptos, por exemplo, obtendo assim uma “justificativa” para ações individuais que seriam muito mais amenas”.
    Onde vamos chegar com essas atitudes? A mudança só vai acontecer quando pararmos de querer arranjar um “jeitinho” para tudo e resolver “ajeitar” a nós mesmos!
    (Referência: Texto de André Rabelo - O que é o jeitinho brasileiro? Publicado em 3 de agosto de 2012, Science Blogs)

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  4. Essa é a nossa realidade, tive que deixar aqui meu comentário depois de um belo texto nos alertando sobre nossas erantes atitudes. Em minhas conversas com meus amigos sempre relato que nós sempre criticamos políticos pelas coisas estarem acontecendo de uma forma incorreta, de estarmos sendo roubados dentre outras situações. Porém você tocou em um ponto muito importante quando falou das pequenas atitudes que tomamos em diversas situações do cotidiano. Muitas das vezes somos corruptos e nem percebemos; Ser "corrupto" não é o que as pessoas entendem geralmente, como "ser corrupto é roubar algo, receber algo em troca de favores, etc..", não ser corrupto é transgredir o que é certo perante a lei ou sociedade. Se estou fazendo errado independente do tamanho do erro ele continua sendo erro. E é essa consciência que devemos ter, devemos saber que o certo parte do próprio individuo e se temos uma política ruim é porque alguém começou certo.

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  5. Na atualidade um dos assuntos mais comentados é sobre a falta de coerência, ética e respeito da política brasileira em relação a seus eleitores, pois somos vistos perante aos politicos nada maia nada menos do que votos, que podem ser comprados com dinheiro, produtos e favores, pois não precisam mais conquistar o povo com uma campanha limpa onde apresentam todos os possíveis projetos a serem realizados.
    Já não ha mais aquele preocupação em relação a educação, saneamento basico a saúde do povo, que luta pra ter uma vida digna,e que recebe em troca menos do que 50% do que tem direito, nem ao menos condições dignas para sobrevivencia de um ser humano, porém muito das vezes somos nos mesmos que escolhemos esse caminho, aceitando a compra se um voto, agindo de maneira corrupta, vivendo com a manipulação de pessoas ao qual se venden por qualquer coisa que possam se beneficiar, reclamamoa tanto de uma sociedade injusta de uma politica e de um governo corrupto quando muito das vezes nós mesmo agimos como eles quando furamoa uma fila em um caixa de supermercado, ganhamos algo em troca por fechar os olhos para algo incorreto,o povo brasileiro deveria pensar de que forma estamos agindo e mudarmos para ai sim podermos cobrar isso de alguém (políticos) não podemos ser hipócritas e coobrar de alguem um atitude, ou qualidade que nem nós temos.

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